Dolomitas – dicas do que conhecer em 4 dias

Viajar para a região das Dolomitas, na Itália, é entrar em um mundo mágico, onde paisagens deslumbrantes de montanhas, vales, lagos e vilarejos pitorescos se revelam a cada curva.

Eu não fazia ideia de quão lindo era esse lugar e, para ser sincera, não havia criado grandes expectativas. Ainda não tinha pesquisado muito sobre o que fazer ou quais eram os principais pontos turísticos, embora já tivesse ouvido inúmeros elogios, especialmente de quem aprecia atividades ao ar livre. Sabia que as Dolomitas eram bonitas, mas que pareciam saídas de um conto de fadas? Ah, isso eu não sabia.

Ao pesquisar sobre a região, é comum encontrar referências às províncias que abrigam essa cordilheira: Belluno, Bolzano, Udine, Trento e Pordenone. Entre as cidades mais famosas, especialmente entre os brasileiros, destacam-se Cortina d’Ampezzo e Bolzano, que costumam servir como base para explorar os diversos passeios e trilhas da região.

Nós optamos por nos hospedar em vilarejos menos conhecidos do que Cortina, por exemplo, e, na minha opinião, a experiência foi ainda mais encantadora. Falarei mais sobre eles ao longo deste post. Além disso, compartilharei nosso roteiro de outono e os lugares que visitamos para inspirar a sua viagem.

No nosso trajeto, passamos pelo Lago di Braies (Pragser Wildsee), pernoitamos em Schluderbach, seguimos para Cortina d’Ampezzo, atravessamos o Passo Falzarego, visitamos Soraga di Fassa, Moena e o Lago di Carezza (Karersee), conforme indicado no mapa abaixo.

O que são as Dolomitas

As Dolomitas formam uma deslumbrante cadeia montanhosa no norte da Itália, estendendo-se até a fronteira com a Áustria e a Suíça. Conhecida por suas paisagens dramáticas, picos imponentes e vales encantadores, essa região oferece um verdadeiro paraíso para os amantes da natureza e das atividades ao ar livre. Para explorar tudo o que as Dolomitas têm a oferecer, é essencial reservar vários dias, especialmente se você aprecia hiking ou gosta de percorrer trilhas panorâmicas.

O nome “Dolomitas” vem do geólogo francês Déodat de Dolomieu, que descreveu essas formações rochosas como “montanhas pálidas” (monti pallidi), devido à sua coloração esbranquiçada. No entanto, quando banhadas pela luz do amanhecer ou do entardecer, suas rochas se tingem de tons rosas avermelhados, criando um espetáculo único.

As Dolomitas são divididas em diversos grupos. No Trentino, por exemplo, encontram-se as Dolomitas de Brenta, a cadeia Lagorai, partes do Grupo Sella e a majestosa Marmolada, que é o maciço mais alto, conhecido também como “Regina delle Dolomiti” (Rainha das Dolomitas) com altitude de 3.343 m.

Soraga di Fassa: localizada no coração do Val di Fassa, no Trentino-Alto Ádige

Melhor época para ir

Viajamos para as Dolomitas no início do outono, esperando encontrar um clima ameno, e estávamos empolgados com a jornada. No entanto, no meio do caminho, começou a chover, o que atrasou nossa chegada. Quando finalmente chegamos, a chuva se intensificou e o frio já anunciava a chegada da neve.

Nosso primeiro destino era o Lago di Braies, no Tirol do Sul, a cerca de 130 km de Innsbruck. Infelizmente, não conseguimos apreciá-lo como nas centenas de fotos e relatos que exaltam sua beleza. Com a neve, o acesso ficou escorregadio e só conseguimos admirar o lago de longe, prometendo a nós mesmos que voltaríamos no verão.

Para quem deseja aproveitar os esportes de inverno, a melhor época vai de novembro até meados de março. A neve, no entanto, já pode começar a cair em outubro, transformando o cenário em um verdadeiro filme de Natal: os picos ficam cobertos de branco, as árvores se transformam com os floquinhos de neve e os lagos azul-esverdeados vão se congelando aos poucos.

Por outro lado, se a sua intenção é fazer trilhas e ter as melhores imagens das montanhas e lagos, o ideal é visitar a região no verão, ou um pouco antes dele começar, entre maio e setembro.

É importante saber que muitos restaurantes, lojas e serviços de aluguel para atividades esportivas fecham após a temporada de inverno e só reabrem para a temporada de verão. Há também uma pausa em outubro e parte de novembro. As datas variam de lugar para lugar, então vale a pena conferir os calendários locais para se orientar na escolha da data da sua viagem.

Onde ficar hospedado

Nos roteiros mais tradicionais — ou populares — Cortina d’Ampezzo quase sempre aparece como uma das primeiras opções de hospedagem. E com razão: a cidade é linda, bem localizada e cercada por paisagens impressionantes. É uma ótima base para quem quer explorar o lado oriental das Dolomitas, com fácil acesso a lugares como Cinque Torri, Lago di Sorapis e Lago di Braies.

Já para quem pretende explorar o lado ocidental das Dolomitas, a cidade mais famosa é Ortisei. Ela serve de ponto estratégico para conhecer destinos como Alpe di Siusi, Val di Funes e Lago di Carezza.

No nosso caso, optamos por visitar o Lago di Braies (no lado oriental) e também o Lago di Carezza (mais a oeste), mas decidimos não nos hospedar em Cortina. Apesar de ser realmente especial, os preços dos hotéis estavam bem mais altos do que em outras localidades próximas.

Acabamos escolhendo Schluderbach, onde nos hospedamos no Villaggio Turistico Ploner. No entanto, confesso que a experiência não foi das melhores. Era um dia de muita chuva e fomos acomodados em uma ala mais antiga do hotel, separada do prédio principal — o que significava tomar chuva toda vez que íamos e voltávamos. A fachada, por outro lado, era charmosa, com características de uma construção histórica que, provavelmente, em breve passará por reforma.

Schluderbach fica a apenas 18 km de Cortina d’Ampezzo, e o vilarejo oferece outras opções de hospedagem que podem valer mais a pena, dependendo do seu estilo de viagem.

Depois de conhecer Cortina, seguimos viagem em direção ao Vale di Fassa, já rumo ao Lago di Carezza, que conheceríamos no penúltimo dia da  nossa viagem, e nos hospedamos em um vilarejo super tranquilo e acolhedor chamado Soraga.

 

Lugares que visitamos

Lago di Braies (Pragser Wildsee)

A grande maioria das cidades e lagos da região tem um nome em alemão e outro em italiano. Às vezes, o nome parece totalmente desconhecido, mas quando você vê a versão em italiano, lembra que já ouviu falar. Então, vale ficar atento aos dois nomes, porque estão sempre presentes em placas e mapas.

O Lago di Braies foi o nosso primeiro destino “UAU” da viagem, e não foi por acaso — eu já tinha visto inúmeras fotos desse lugar. Chegamos num dia de chuva, neve e frio. Claro que não estávamos preparados pra isso e, no fim, acabamos correndo de volta pro carro porque a temperatura estava bem fora do que esperávamos. Apesar de ser super popular no verão, o lago também tem seu charme no inverno, com a superfície congelada brilhando como se fosse um caminho te convidando a andar sobre as águas. Mas a verdade é que ele tem um brilho especial mesmo no verão, quando a água verde-esmeralda reflete a luz do sol de um jeito único.

O acesso ao lago é feito pela lateral do Hotel Lago di Braies, mas ele não é propriedade privada do hotel. É uma área pública que faz parte do Parque Natural Fanes-Sennes-Braies. Quem se hospeda no hotel, claro, tem algumas regalias, como livre acesso à parte privada, uso do estacionamento e uma vista espetacular do lago direto da janela.

Mas é bom ficar atento a algumas regrinhas na hora de visitar:

O lago é público e a visita é gratuita, mas o estacionamento e alguns serviços ao redor são pagos. O hotel, que fica na beira do lago, tem uma área própria que é restrita aos hóspedes.

Entre julho e setembro, o acesso de carro ao lago é controlado entre 9h e 16h. Nesse horário, só dá pra chegar de ônibus, a pé, de bicicleta ou com reserva de estacionamento feita com antecedência online.

As trilhas ao redor do lago são abertas ao público. A trilha circular que contorna o lago é super conhecida, tranquila e não precisa de nenhuma autorização especial.

Pra evitar qualquer dor de cabeça, vale a pena visitar o site oficial e reservar o estacionamento com antecedência ou se informar sobre os ônibus (Shuttle Bus) que vão até o Lago di Braies: www.prags.bz/en

Expectativa
Realidade

Cortina d´Ampezzo

Depois de uma breve visita ao lago, seguimos para Schulerbach, a 29 km de distância, onde passamos a noite. Na manhã seguinte, partimos rumo a Cortina, que também não fica longe — são menos de 30 minutos de carro.

Mas, antes mesmo de chegarmos à cidade, o trajeto até lá já foi um verdadeiro destaque. Enquanto subíamos as montanhas, começamos a ver a neve caindo e, ao longe, as árvores já estavam todas branquinhas por causa da nevasca da noite anterior. Parecia que estávamos entrando em um lindo filme de Natal. Só esse trecho da viagem já valeu muito a pena.

Cortina d’Ampezzo está localizada na província de Belluno, na região do Vêneto, Itália. Logo ao chegar à cidade, a cadeia de montanhas ao redor já chama a atenção. Vale muito a pena dedicar algumas horas apenas para caminhar pelas ruas. No nosso caso, passamos um bom tempo nas lojinhas de souvenirs, pois estava chovendo bastante, assim uni o útil ao agradável hahaha. Há desde brinquedos de madeira até diversos artigos de inverno, em sua maioria produzidos artesanalmente. Algumas promoções nas vitrines acabam sendo irresistíveis, mas os preços condizem com o charme e a importância turística da cidade.

Para quem deseja explorar ainda mais as opções de compras, vale visitar a La Cooperativa di Cortina. Inaugurado em 1893, o shopping center de seis andares oferece uma variedade impressionante de produtos: fragrâncias, luminárias, cosméticos, papelaria com jornais e livros, brinquedos, roupas infantis, delícias gastronômicas (inclusive da renomada Malga Cortina), supermercado, delicatessen e, claro, mais souvenirs. Não cheguei a conhecer pessoalmente, mas parece ser uma parada interessante. Para mais informações, vale consultar o site: www.coopcortina.com.

As principais atrações da cidade incluem as próprias Dolomitas ao redor, a Ciàsa de I Pùpe — uma belíssima casa com afrescos ao longo do Corso Italia, que antigamente foi um anexo do Hotel Aquila Nera, de Gaetano Ghedina Tomàš —, o Museu de Arte Moderna Mario Rimoldi, o Museo della Grande Guerra (1914–1918), a Basílica dos Santos Filipe e Tiago, e ainda a possibilidade de passeios de teleférico.

A Corso Italia, principal rua da cidade, é um charme à parte. Além de lojas sofisticadas, você encontrará cafés, restaurantes e bares perfeitos para apreciar um café ou um delicioso chocolate quente.

Cortina também é famosa por sediar importantes competições internacionais, como os Jogos Olímpicos de Inverno de 1956. Em 2021, foi palco da Copa do Mundo de Esqui Alpino, e em 2026 será novamente sede dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Ali também está localizada a Dolomiti Superski, a maior área de esqui do mundo, composta por 12 estações e um total de 1.246 km de pistas.

Basílica dos Santos Filipe e Tiago

Soraga di Fassa

Depois de passar algumas horas em Cortina, seguimos viagem rumo a Soraga, uma pequena e encantadora vila na região do Trentino-Alto Ádige, província de Trento, com cerca de 677 habitantes.

Mas, antes de tecer elogios a esse lugar tão especial, preciso contar como foi o caminho até lá. A ideia inicial era subir até Cinque Torri, a 2.361 metros de altitude, que está a poucos kilometros de Cortina d´Ampezzo. No entanto, quanto mais avançávamos, mais intensa ficava a neve. Começamos a nos preocupar com a segurança: mesmo com pneus de inverno, tive a sensação de que o carro poderia não se manter firme na estrada e correr o risco de deslizar montanha abaixo. Achei que, naquela situação, já seriam necessárias correntes robustas nos pneus — e preferi não arriscar.

Foi então que chegamos ao Passo Falzarego, um pouco mais baixo (2.105 metros), mas já completamente coberto de neve. Aproveitamos para curtir a paisagem deslumbrante e brincar na neve. Foi uma experiência incrível e inesperada.

À medida que nos aproximávamos de Soraga, em altitudes mais baixas, a neve começou a desaparecer, revelando a vista das florestas e o belo contorno das montanhas.

Ao chegar na bucólica Soraga, senti que havia encontrado exatamente o que procurava: uma vila pacata, situada em um vale rodeado por montanhas, com vaquinhas pastando tranquilamente e uma névoa suave anunciando o friozinho do início do outono. Quase não havia turistas, e a paz reinava. Era o cenário perfeito para relaxar e saborear um chá quentinho preparado pelo nosso mini-mordomo  — meu filho, que empolgado com o clima, resolveu preparar chazinho para todos. 🥹🍵

A cidade é realmente pequena e conta com poucas opções de restaurantes, especialmente no começo do outono, quando termina a temporada de verão e o comércio local faz uma pausa para se preparar para o inverno. 🏔️

Fomos em um dos poucos restaurantes abertos no povoado: o Pizzeria Ristorante Pub Goofi, e foi simplesmente perfeito. O grande desfecho da noite ficou por conta da sobremesa — uma panacota memorável, daquelas que ficam marcadas na memória.

No dia seguinte, dei uma caminhada pela cidade e encontrei uma trilha encantadora que margeia o Lago di Soraga. Se estiver por lá, procure pelo Ponto Panorâmico de Soraga, logo após o Hotel Chalet Miravalle — a vista é espetacular, de tirar o fôlego. Um lugar impressionantemente lindo.

 

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