1 – Um Pouquinho de História
Ainda que seja um dos menores países da Europa, Malta desempenhou um grande papel ao longo da história. Desde os primeiros assentamentos pré-históricos, por volta de 5000 a.C., o país foi moldado por influências romanas, mouras, pela Ordem Soberana e Militar de Malta (mais conhecida como a
Ordem dos Cavaleiros), além de períodos de dominação francesa e britânica, até sua entrada na União Europeia em 2004. As civilizações que governaram Malta deixaram marcas profundas, que podem ser vistas em sua arquitetura, idioma e cultura.
A herança britânica, por exemplo, é claramente visível no sistema de trânsito, onde a direção é pela mão esquerda, a famosa “mão inglesa”. Malta é um arquipélago composto por três ilhas principais: Malta (a maior e homônima do país), Comino e Gozo, localizado no coração do Mediterrâneo, entre a Sicília e a costa norte da África.
A ilha é rica em história, com uma impressionante quantidade de fortalezas, templos megalíticos e o famoso Hipogeu de Hal Saflieni, um complexo subterrâneo de corredores e câmaras funerárias que remonta a cerca de 4.000 a.C. Além de seu vasto patrimônio histórico e cultural, Malta se consolidou como um destino turístico popular, com praias deslumbrantes, um mar de um azul indescritível e uma gastronomia variada.
Ao chegar a Malta, uma das primeiras coisas que chama a atenção é a tonalidade predominante das paisagens: um tom amarelado puxado para o marrom, resultado das pedras calcárias que dominam a ilha. A arquitetura única e as cores das casas são características marcantes, perceptíveis desde a vista da janela do avião.
2 – Informações Gerais
- Língua oficial: maltês e inglês
- Moeda: Euro
- Capital: Valletta
- Malta é formada por três ilhas: Malta (a maior), Gozo e Comino
- Fuso horário: GMT+1
- Visto: Como Malta faz parte da União Europeia, brasileiros não precisam de visto para entrar no país. Basta apresentar o passaporte, que permite a permanência por até 90 dias (informação atualizada em outubro de 2024).
3 – Quando Visitar Malta
Malta é um destino ensolarado que pode ser visitado em qualquer época do ano. A escolha do melhor
período para a sua viagem depende das suas expectativas e do seu orçamento. A alta temporada ocorre no verão, especialmente em julho e agosto, quando as temperaturas ultrapassam os 30°C. No entanto, durante esses meses, os preços das acomodações tendem a ser mais altos e as praias, especialmente a famosa Blue Lagoon, um dos cartões-postai de Malta, ficam lotadas. Quando visitamos em maio, já havia muitos turistas por lá.
No outono e inverno, as temperaturas são mais amenas, raramente caindo abaixo dos 10°C no inverno, embora os ventos possam ser fortes, especialmente em janeiro.
Se você prefere evitar multidões e não se importa com a água mais fria, como eu, os melhores meses para visitar Malta são abril, maio, setembro ou outubro. Nessa época, as temperaturas são agradáveis para atividades ao ar livre, passeios históricos e até um mergulho.
4 – Como se locomover em Malta e para a Ilha de Gozo
O transporte público em Malta funciona bem, mas costuma ser bastante lotado, especialmente nas
rotas de e para o aeroporto. Ao chegar no aeroporto, você pode adquirir um cartão de transporte e optar pelo pacote de 4 dias (EUR 21) ou 7 dias + ferry para a Ilha de Gozo saindo de Valletta (EUR 34), que oferece viagens ilimitadas de ônibus pela ilha de Malta. Se você é fã de city tours no estilo Hop On Hop Off, há também planos que incluem, além dos ônibus regulares, o ticket para o ônibus turístico sightseeing bus tour.
Antes de optar pelo transporte público, verifique se seu hotel tem fácil acesso aos pontos de ônibus. Caso contrário, caminhar pelas ruas de Malta pode ser um pouco desafiador, já que as calçadas são minúsculas ou inexistentes, e muitas vezes há carros estacionados nelas. Para consultar os planos e valores atualizados, acesse: www.publictransport.com.mt
Outra opção é alugar um carro para explorar a ilha, que tem apenas 30 km de comprimento em sua maior extensão. As distâncias não são um problema, já que é possível cruzar a ilha em pouco mais de uma hora. No entanto, o trânsito pode ser caótico, com ruas estreitas em alguns trechos e o uso frequente da buzina. Vale lembrar que a direção é pela mão inglesa, o que pode confundir um pouco na hora de dirigir.
Se você estiver em um grupo maior (de 4 a 7 pessoas), o transporte por aplicativo, como Uber ou Bolt, é uma boa opção. Eles oferecem muitas vans, ideais para famílias. Há uma boa disponibilidade de veículos maiores na ilha, o que facilita acomodar até 7 pessoas no mesmo carro. Além disso, o custo é acessível, especialmente quando dividido entre os passageiros.
5. Atividades e lugares para visitar em Malta
5.1 Valletta
A capital do arquipélago, Valletta, merece pelo menos um dia inteiro de visita. Além de ser uma excelente área para se hospedar, a cidade tem muita história para contar. Você pode simplesmente passear e descobrir as diversas ruas e escadarias que compõem seu cenário encantador. Pessoalmente, gosto de começar com um free walking tour, pois isso me proporciona uma visão geral da cidade, além de boas dicas dos guias locais.
Ainda em Valletta, não deixe de visitar a Co-Catedral de São João. Por ser bastante frequentada, é recomendável chegar cedo para evitar longas filas. Os pilares e paredes são revestidos de ouro, o teto é adornado com afrescos e sob o piso de ladrilhos de mármore encontram-se os túmulos dos Cavaleiros da Ordem.
Outro destaque de Valletta é os Upper Barracca Gardens, que oferecem uma das melhores vistas do porto. Além disso, o local é perfeito para tirar belas fotos. Antes ou depois de fazer suas fotos, reserve um tempo para apreciar a beleza das flores e da fonte dos jardins, que atraem muitos locais. Se tiver sorte, como eu tive, um senhorzinho pode se aproximar e compartilhar histórias sobre Malta, relembrando sua infância em um tempo em que o clima não era tão quente e abafado.
Na plataforma inferior dos jardins, em direção ao porto, você pode acompanhar um evento histórico que remonta ao período dos Cavaleiros de São João: o tiro de canhão na Saluting Battery, que ocorre diariamente ao meio-dia com toda a pompa e coreografia militar associada. Há também um disparo adicional às 16h para marcar o final do dia.
Se você observar de cima, não precisa pagar nada; no entanto, se quiser apreciar de perto, sem multidões à frente, é necessário pagar uma entrada de 3 euros para o museu. Fique atento, pois o evento é bem rápido.
Para visitar os Lower Barracca Gardens, você pode descer de elevador (pagando cerca de 1 euro) ou subir a ladeira. Este jardim é menor e mais antigo, mas também vale a pena conhecer.
5.2 Blue Laggon
A lagoa azul (Blue Lagoon em inglês) localizada em Comino, é, sem dúvida, uma parada obrigatória para quem visita Malta e deseja explorar o arquipélago. A água azul-turquesa é de encher os olhos; sua cor impressionante parece ter sido tingida de anil. Tem ampla estrutura de quiosques, no modelo “food truck” para compra de lanches e drinks, incluindo os iconicos coquetéis de abacaxi. Além dos banheiros bem no alto da ruela.
A dica é pegar o primeiro ferry que sai de Cirkewwa (por volta das 08:30, dependendo da época do ano) e chegar cedo para conseguir boas fotos e um espaço agradável para estender a toalha. A “briga” por um pedacinho de areia é intensa, já que a maior parte da praia é de rochas. Nós pegamos o ferry no porto de Cirkewwa, e o trajeto dura em média 25 minutos, passando pela Gruta Azul. Para mais informações, consulte: www.cominoferries.com.
Para os mais aventureiros, é possível dar a volta na ilha, o que leva cerca de duas horas de caminhada, e conhecer a Crystal Lagoon, que é bem menos turística. Além da Crystal Lagoon, não deixe de visitar a Torre de Santa Maria, construída em 1618 e utilizada pelas forças armadas até 2002. O local foi cenário das gravações do filme “O Conde de Monte Cristo” (versão de 2002). Infelizmente, atualmente está fechada ao público, mas vale a pena admirar a vista externa.
5.3 Sliema e St Julians
Sliema também oferece uma ampla infraestrutura hoteleira e casas de férias, geralmente com preços um pouco mais acessíveis do que os de sua vizinha Valletta. A cidade conta com acomodações à beira-mar, uma boa variedade de restaurantes, além de uma orla bem estruturada, ideal para caminhadas à beira-mar.
A Balluta Bay é um dos destaques da região, com a impressionante igreja Our Lady of Mount Carmel (Nossa Senhora do Monte Carmelo), em estilo neogótico, e a popular Old Parish Church (Antiga Igreja Paroquial), uma grande e icônica construção no centro da cidade. Vale lembrar que, embora haja uma pequena faixa de areia de aproximadamente 300 metros, o restante da praia é coberto por pedras, o que a torna menos adequada para banho.
Perto de Sliema, encontra-se a vibrante St. Julian’s, conhecida por sua agitada vida noturna. O local oferece opções para todos os gostos, desde quem busca aproveitar a atmosfera festiva até aqueles que preferem um jantar tranquilo em restaurantes com boa comida e preços acessíveis.
5.4 Saint Paul´s Bay
A região de Mellieha, que inclui as áreas costeiras de Saint Paul’s Bay e
Bugibba, é uma excelente escolha para famílias que buscam férias de praia em Malta. Essa área é predominantemente residencial e comercial, oferecendo uma estadia confortável e conveniente, especialmente para famílias com crianças. Nessa região, há diversos resorts e aparthotéis à beira-mar.
Para um dia de descanso das atividades históricas, os parques Bugibba Water Park e Splash & Fun Water Park são ótimas opções, proporcionando diversão e relaxamento para as crianças.
Na rua Dawret Il-Gzejjer, próximo ao número 13, encontrei alguns restaurantes com parquinhos, perfeitos para os pequenos.
À noite, a região ganha vida com restaurantes, bares e festas, criando um ambiente animado que, além de atender as famílias, também agrada a outros tipos de público. Um bar bastante recomendado para aproveitar o pôr do sol, mesmo com crianças, é o Café Del Mar Malta.
A vista do pôr-do-sol é espetacular, embora os preços sejam mais elevados, o ambiente compensa. É um lugar para relaxar, nadar ou provar um dos deliciosos drinks do cardápio. Para garantir um lugar, especialmente se quiser jantar, é aconselhável fazer reserva antecipada.
5.5 Mdina e Rabat
Mdina, capital de Malta até 1530, é um dos lugares mais emblemáticos do país, conhecida como a “Cidade Silenciosa”. Situada no topo de uma colina no centro da ilha, Mdina encanta por sua atmosfera tranquila, especialmente dentro de suas muralhas, onde veículos privados e ônibus não são permitidos, o que não pude comprovar, pois a visitei durante o dia e o movimento dos turistas e do comércio local era intenso.
A história de Mdina é fascinante, moldada por várias civilizações, desde os fenícios e romanos até os Cavaleiros da Ordem de Malta. A influência árabe, evidente no traçado labiríntico das ruas, determinou o desenho do mapa da cidade, marcado por ruas estreitas e sinuosas. Eram assim desenhadas para proteger os habitantes do calor e também para criar um ambiente de difícil navegação para inimigos.
Dentro de suas muralhas, Mdina preserva verdadeiras jóias arquitetônicas e culturais. Um dos pontos altos é a Catedral de São Paulo, um magnífico exemplo de igreja barroca. Originalmente construída pelos normandos, a catedral foi destruída por um terremoto no século XVII e posteriormente reconstruída pelos Cavaleiros da Ordem de Malta. Hoje, é um dos principais símbolos da cidade e um atrativo imperdível, tanto por sua arquitetura quanto pelo seu significado histórico e religioso.
Outro local de destaque é o Palácio Vilhena, um impressionante edifício do século XVIII que atualmente abriga o Museu Nacional de História Natural de Malta. Além disso, o Palazzo Falson, que é um dos edifícios mais antigos da cidade, merece ser mencionado. Este palácio medieval foi transformado em museu e abriga uma coleção única de artefatos, móveis antigos e obras de arte, proporcionando uma verdadeira viagem no tempo.
Além de visitar monumentos históricos, caminhar sem rumo por suas vielas é uma forma especial de descobrir os encantos ocultos deste lugar tão mágico. Observe as sacadas das casas, com suas cores vibrantes e adornos elaborados. Essas sacadas, além de serem um elemento arquitetônico típico, eram antigamente uma forma de distinção social. As sacadas mais ricamente decoradas pertenciam às famílias mais abastadas, enquanto as mais simples eram das classes menos favorecidas.
Durante o seu passeio, você encontrará inúmeros locais para fotos, como a famosa porta azul, um destino popular entre os visitantes que procuram o cenário ideal para registros no Instagram. Não deixe de ir até o topo das muralhas para uma vista panorâmica das paisagens maltesas. Recomendo!
Saindo das muralhas de Mdina, você logo estará em Rabat, uma cidade com um aspecto mais urbano e trânsito mais intenso, mas que ainda preserva a autenticidade das pequenas povoações maltesas. É fácil encontrar diversas barracas vendendo produtos locais, como o tradicional licor de Harruba (alfarroba) e o de Bajtra (fruto do cacto). Tanto a alfarroba quanto o cacto também são usados para fazer geleias, muito apreciadas em Malta.
Para quem deseja se aprofundar na visita a Rabat, as Catacumbas de São Paulo e de Santa Águeda são atrações imperdíveis. Parte de um vasto sistema de passagens subterrâneas interligadas, essas catacumbas foram usadas ao longo da história para enterros e rituais e são consideradas o berço do cristianismo em Malta. A ilha tem forte ligação com o apóstolo Paulo, que esteve lá, o que explica os diversos locais em sua memória, como a Gruta, a Igreja e as próprias catacumbas de São Paulo.